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Já li em vários sites e livros uma frase entre aspas, sem citação de autoria, que diz que “o coaching libera o potencial do indivíduo para que este maximize seu desempenho e faça o que antes acreditava impossível." A referida citação às vezes aparece ilustrada com a figura de um homem ou de uma mulher se olhando no espelho e apertando a própria mão; ou subindo no topo de uma montanha, onde encontra a si mesmo.
Esse aperto de mão é bem significativo e me fez pensar sobre o que aprendi com a doutora Gudrun Burkhard em meus estudos antroposóficos, onde ela nos faz entender que se a pessoa quiser tomar a vida em suas próprias mãos, deve se dedicar na escrita da autobiografia para poder entender tudo o que se processa no desenvolvimento das nossas atitudes.
Devo confessar que desde a adolescência sempre fui aficionada por biografias e assim que tomava conhecimento do lançamento de alguma que falava sobre uma personalidade de meu interesse, corria para comprar ou pegava na biblioteca da escola para saber como vivia aquela determinada pessoa, como era sua família, como se comportava diante dos problemas e desafios, queria saber detalhes da vida amorosa e por aí vai. Acho que no fundo, eu buscava me identificar com alguns elementos daquela história e entender como o/a biografado/a tinha encontrado as soluções para os seus problemas, pois assim ficaria munida para a resolução das minhas “curvas de rio” (era assim que o meu pai gostava de chamar os problemas que apareciam na sua frente...)
Mas foi somente quando eu fui desafiada a escrever minha primeira biografia, que foi sobre a minha vida, que descobri que, se por um lado essa visão global da própria história podia trazer de volta as passagens que gostaria de esquecer, também mostrava inúmeras passagens boas, que foram deliciosas de serem vividas e ilustravam muito sobre o meu comportamento diante da vida, das pessoas e também como poderia me comunicar melhor sobre a minha trajetória pessoal e profissional com as outras pessoas e por tabela, ser melhor compreendida nas minhas atitudes e falas.
Diante de tantas descobertas, resolvi estudar o assunto mais a fundo por pura curiosidade e eis que anos depois, fui desafiada a fazer uma outra biografia, dessa vez para uma pessoa desconhecida que queria contar sua história de amor; topei, apesar do pouco tempo que dispunha para me dedicar à nova tarefa e fui me apaixonando pelo novo caminho que se abria bem debaixo dos meus olhos. E o mais interessante é que, nem havia concluído o trabalho e já estava recebendo mais 3 indicações para novos trabalhos, que fiquei muito motivada a executar, mas o compromisso com a minha empresa de conteúdo, a SMA2, me impediram de aceitar naquele momento.
Só que missão de vida é coisa séria e as solicitações de biografias não paravam de chegar, muitas vezes só de eu comentar sobre o trabalho biográfico numa happy hour despretensiosa... até que topei fazer duas biografias desafiadoras ao mesmo tempo. Duas histórias bem distintas e apaixonantes, de duas pessoas com idades diferentes: uma mulher que completaria 80 anos e queria presentear os seus convidados com o livro contendo a história da sua vida de empreendedora e um homem com 58 anos que queria entender porque tudo na sua vida era tão difícil de se realizar como ele gostaria.
Com esses dois projetos ainda em andamento, a cada semana chegavam novas solicitações de pessoas interessadas em saber sobre o meu trabalho, pessoas com histórias cheias de vida, de anseios e que estavam sentindo vontade de resgatar todas as passagens de suas vidas através da minha orientação. Diante disso, resolvi me aprofundar no assunto, estudar metodologias e criar uma forma de poder atender mais pessoas ao mesmo tempo. Acabei criando minha própria metodologia e hoje me dedico quase que exclusivamente a esse trabalho de orientação biográfica, que batizei de self story, exceção feita apenas para a escrita de meus livros, peças teatrais e ao projeto de uma novela que irei escrever para a Rede Globo em breve.
Em quase todas as apresentações individuais ou corporativas que faço sobre o processo de trabalho biográfico, muitas pessoas me perguntam se o que faço pode ser comparado a um trabalho de coaching.
Pelo que já pesquisei a respeito, meu trabalho ajuda a complementar quem está passando por um processo de coaching, pois coloca a pessoa frente a frente com ela mesma e com tudo o que aconteceu na sua trajetória de vida.
Digo isso com tamanha convicção porque aprendi na prática que pensamos em narrativas durante todo o dia e consciente ou inconscientemente formamos histórias para cada ação e conversa, sendo que 65% de nossas conversas são formadas por histórias.
Estamos ligados uns aos outros através de histórias. Aquilo que vivemos de verdade ou nos foi contado desde a infância torna-se parte do que somos como pessoas.
E é com este poder de acordar para a própria vida, que um processo biográfico no formato self story passa a ser uma ferramenta importante para sua identidade pessoal e profissional.
Da mesma forma, o levantamento da própria história auxilia pessoas a ilustrarem sua trajetória e a construírem sua estratégia pessoal. Tem a ver diretamente com quem você realmente é; com o que você fez, faz e quer fazer; com os momentos mais definidores e significativos da sua história, aqueles que moldaram sua forma de entender o mundo e o seu papel nele, baseando-se em toda a sua vivência pessoal e profissional, familiar e de outros relacionamentos interpessoais, tem a ver com levantamento de pontos fortes e fracos e aspirações, sobre sua estratégia global de vida .
O processo biográfico também está relacionado com a nossa missão de vida, com os estágios de crescimento que queremos alcançar a partir do start para a autopesquisa biográfica.
A experiência de mais de 20 anos lendo pessoas também me mostrou que, ao descobrir e estruturar sua própria história, você passa a alcançar maior audiência e se conectar melhor com as pessoas de seu ciclo pessoal e profissional de forma mais significativa e profunda, porque uma história bem contada capta a atenção, relaciona eventos formando uma ideia completa e deixa uma impressão positiva duradoura quando chega ao final.
Para tanto é imprescindível começar a prestar mais atenção na sua própria vida e fazer uma viagem no seu tempo interior; voltar ao passado, identificar seus pontos fortes e fracos e os momentos da sua vida que influenciaram o que você é hoje. O que te inspirou a ser quem é hoje? Que acontecimentos determinaram as mudanças de rota? Quais valores e princípios norteiam suas decisões? Gosto de chamar esse início de “o desenrolar do novelo..."
Se isto tem a ver com trabalho de coaching?
Sinceramente? Eu acho que complementa a trama.
Com uma história bem articulada, você supre a necessidade do elemento humano nas relações interpessoais de entender de onde você vem, o que determinou o que você é hoje, no que você acredita e no que você luta contra.
A minha, a sua e a história de todo mundo que você conhece precisa despertar o interesse das outras pessoas desde o início do desenrolar do novelo, e precisa segurar a atenção com elementos dramatúrgicos para deixar todo mundo com vontade de saber o que vai acontecer no final da história.
Quando você conseguir falar sobre você de forma criativa e com propriedade, você vai criar conexões emocionais e garantir audiência, facilitando o atingimento de seus objetivos de forma diferenciada, marcante e apaixonante, imprimindo legitimidade ao seu DNA.
Você não mais será o caçador de você mesmo, mas o protagonista da sua eterna caçada de aventuras.
Envolver-se com você mesmo te torna a cada dia mais interessante ou como se diz hoje em dia, te empodera.
O importante é começar logo, através de um curso ou acompanhamento completo de self story, de um processo de coaching ou com ambos.
É isso!
“Em cada um vive uma imagem
daquele que deve vir a ser.
Enquanto ele não a realiza,
não alcança a sua paz.”
(Friedrich Rücker)