Tempo de leitura: 3 minutos
Hoje acordei pensando em quando meu pai me via ansiosa diante de uma escolha e me dizia “Sandra, no decorrer da sua vida você sempre terá 1000 caminhos a seguir, mas só poderá trilhar um de cada vez; que a inspiração divina te inspire a seguir pelo mais generoso e abundante de significados.”
O desafio de fazer uma escolha não é a escolha em si, mas ser capaz de abrir mão do que não foi escolhido. Se pudéssemos escolher e manter também o não escolhido seria fácil fazer escolhas, não é? O duro mesmo é encarar o que poderia ter sido e nem chegou a ser. É assim com tudo na vida, não dá para ter tudo ao mesmo tempo agora. Pode ser tudo, mas uma coisa de cada vez e numa progressão de tempo que não atende ao nosso desejo mágico de REALIZAR. Claro que há coisas que podem e são simultâneas, mas essas não nos dão angústia, porque não exigem decisão. É a escolha que nos angustia, que nos tira do centro, que nos faz repensar posturas, prioridades, responsabilidades, valores. É para isso mesmo que vivemos o dilema das decisões, para nosso autoconhecimento.
O desconforto da escolha nada mais é do que um “toque” para deixarmos de ensaiar e entrarmos em cena.
As coisas podem não correr do jeito que planejamos e lá na frente até poderemos concluir que o caminho escolhido estava equivocado, mas compreender um pouco mais desse tesouro incrível que ganhamos ao nascer, que é a nossa própria história, acredite, é a chave para abrir um verdadeiro portal de oportunidades para sermos mais felizes com as nossas escolhas e nos mostrar, sem filtros ou maquiagem, quem somos, o que queremos e como faremos as próximas escolhas.
E essa coisa de escolher e dar o próximo passo sem olhar para trás não é uma angústia da moda, ao contrário, muitos dos nossos antepassados e até alguns filósofos famosos já queimaram os neurônios investigando o tema e nos inspiraram com suas reflexões. Platão, por exemplo, pontuou que Sócrates, em seu último dia de vida, ao aconselhar um de seus discípulos sobre decisões futuras, disse:”faça o que achar melhor, desde que venha a se arrepender um dia.”
Concordo, afinal as coisas vão mudar e tudo o que de melhor podemos fazer por nós mesmos é estarmos preparados e cientes de que precisaremos mudar com elas e cá entre nós, uma escolha, uma não escolha ou atitude tomada revela sobre você em um momento específico em evidência e não profetiza de que você terá que ser e agir daquela forma até o último suspiro. Tudo é transitório, inclusive a nossa vida por aqui.
O que acho mais bacana no conselho de Sócrates e acho que vale a pena você refletir um pouco a respeito é a frase “faça o que achar melhor…”
Porque somente você assumirá as consequências de seus atos e dentro de você tem um tesouro te esperando para ganhar vida: sua história a ser vivida!
[Sandra Mello é roteirista, biógrafa, diretora conteúdo da SMA2 e continua ansiosa com as escolhas, mas as encara de frente.]
Todos os direitos reservados a SM Produções Artísticas Ltda.